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Existe um motivo para meu filho falar Português?

Você já se fez essa pergunta? A resposta pode parecer óbvia, mas realmente você já refletiu sobre isso? Eu converso com algumas mães brasileiras que moram aqui na Europa e percebo, algumas vezes, que nem elas mesmas sabem o real sentido do que é ter contato com a língua portuguesa como herança e como gerar na criança algo que desperte nela o interesse em trilhar este caminho.

Partindo do princípio que como mães, não sabemos o que de fato significa percorrer um caminho prazeroso e eficaz para a criança, rumo a Língua Portuguesa como herança, é bem complicado. Diante dessa percepção, entendi que a partir da nossa compreensão, como em tudo na criação dos filhos, nós podemos facilitar ou dificultar esse interesse. E esta questão, acaba sendo primeiro um desafio para nós, ou seja, enfrentarmos ou nos questionarmos primeiro: o que significa, para nós, sermos brasileiras no exterior e se de fato, desejamos que nossos filhos sejam proficientes em português. Entendendo que quando algo é realmente importante para mim, eu consigo transmitir ao outro, essa importância, consigo transmitir ao outro o real valor do que está em questão. E quando eu tenho consciência da importância da Língua Portuguesa como herança na vida da minha família, eu consigo com amor e respeito, partilhar o mesmo encantamento que tenho com meu filho que ainda não se interessa por este tema. Não digo que só isso basta e que haverá um caminho só de flores. Será um caminho de construção de ambos, onde adulto e criança irão dialogar o tempo inteiro. E todo caminho de construção é difícil e por vezes demorado, mas o amor, a decisão e clareza do que aquilo representa para todos os personagens que ali dialogam, sem dúvida, serão os melhores  combustíveis e exclusivamente necessários para se alcançar, de forma bem sucedida, a linha de chegada.

Conduzir crianças e adolescentes nesta estrada que se chama Português na modalidade Língua de Herança, para mim como mãe e principalmente como professora, é muito mais do que ensinar um novo idioma. É dar a oportunidade de eles resgatarem uma história, uma cultura que, também, faz parte deles. Aprender a língua portuguesa no exterior é uma questão de identidade, é uma questão de proporciona-lhes o conhecimento de valores que constituem um grupo cultural ao qual eles também pertencem.

Por Aline Sanseverino – Idealizadora da Oficina infantil de Cultura Brasileira – Alfabeto Encantado

Um novo olhar repleto de amor e significado

Os dias não têm sido como desejamos. Tivemos que nos adaptar a uma mudança brusca, rapidamente. Como em uma montanha-russa, fomos atravessando os dias, semanas, meses e chegamos até aqui. Vinte e quatro de dezembro!

Mas, analisando bem, todo ano é assim, não é mesmo? Todos nós, em janeiro, embarcamos na montanha-russa que o ano nos propõe.

Eu sei, alguns me dirão que esse ano foi diferente. Eu entendo. Verdadeiramente, a nossa viagem teve um percurso peculiar condizente a este momento mundial. 

Ainda assim, meu desejo é que possamos usar este momento diferente ou desconfortável, para darmos um novo sentido a tudo que temos. Somente nós podemos fazer isso!

A vida, em todos os momentos, nos convida a ressignifica-la. Então, que possamos estar inteiros com um olhar transformado, rumo ao novo. Com a confiança de que tudo tem seu lado bom, se em nós, independente do que está ao nosso redor, estiver. 

Eu desejo a todos, um belo e significativo Natal. Um caminho novo e confiante em tudo que se iniciará. Nós somos fortes!

Um beijo em cada coração ❤️

Por Aline Sanseverino – Idealizadora e Professora da Oficina infantil de Cultura Brasileira – Alfabeto Encantado.

Ontem, ele leu sua primeira palavra

Mesmo com toda correira que nos cabe, eu tento manter a rotina das crianças. E ler para eles, e com eles, é um momento que dificilmente abro mão. Infelizmente, nestas últimas semanas, com tudo que nos permeia e que acontece fora e dentro de nós, como reação ao contexto, nossa rotina diária tem sido reestruturada a cada vinte e quatro horas! Por isso, nossa leitura estava ficando atrasada. Mas, na semana passada, conseguimos tempo (bem fora do horário habitual), para retomarmos essa atividade tão prazerosa para nós três. Quem me acompanha pelo Mães Mundo Afora ou nas redes sociais do Alfabeto, sabe que sou mãe de dois. Alice de 7 anos e Gabriel de 6 anos, completados há três dias.

Então, começamos a leitura de um novo livro. E para estes momentos, gosto de deixá-los bem a vontade proporcionando não somente o desenvolvimento da linguagem, mas o aconchego e o fortalecimento do vínculo afetivo entre nós e o idioma utilizado nestes momentos. Sendo assim, olhos e ouvidos estavam atentos e o ninho preparado. Meu colo, eles chamam de ninho. Gabriel sempre gosta de sentar entre minhas pernas para ver todas as figuras que estão disponíveis e Alice se sente mais acomodada, quando se recosta em um de meus braços.

E durante a nossa leitura, repentinamente, Gabriel aponta uma palavra. Meu coração palpitou descompensadamente. E eu, em meio as minhas emoções, escuto: “Mamãe aqui está escrito Tommy!”. Eu queria ouvir novamente e perguntei: “Onde, meu filho?”. E vejo novamente seu pequeno indicador bailar por entre as linhas do livro, e ouço: “Mamãe, aqui está escrito Tommy que é o nome do menino e aqui está escrito Gu… “. Ele tentava reproduzir outros fonemas de mais uma palavra.

Foi um momento de muita emoção e comemoração. E eu tenho a certeza que ficará eternizado em nossas memórias. Assim como a primeira vez da Alice, foi.

É por isso que sempre incentivo aos pais que leiam, com e, para seus filhos. Fazendo deste momento, algo significativo para toda a família. Desta forma, a experiência que é permeada pelo afeto e pela troca de amor, será o momento ideal para o amparo e desenvolvimento de novas habilidades infantis.

Por Aline Sanseverino – Idealizadora da Oficina infantil de Cultura Brasileira – Alfabeto Encantado

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